Institucional

A Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Pampa (ABCPampa) foi fundada em 02 de agosto de 1993 pelo selecionador e estudioso de cavalos Márcio de Andrade (11/06/31 – 15/03/1997), juntamente com colaboradores.

À exceção da raça Piquira, em todas as outras raças nacionais, a pelagem pampa vinha sendo sistemática e deliberadamente discriminada nas exposições. Era uma injustiça e um contrassenso, pois a beleza dessa pelagem sempre foi de gosto universal, em todas as épocas.

Nos Estados Unidos já coexistiam com sucesso três associações de cavalos pampas – Pinto, a mais antiga; a Paint Horse, a de maior crescimento na época e a mais nova delas; e a de pampas de sela, denominada “Spotted Saddle Horse Association. Como o Paint Horse havia sido introduzido no Brasil, corria-se o risco de perder um numero significativo de éguas pampas que poderiam ser aproveitadas como éguas base pelo Registro Genealógico daquela entidade. Outro fator relevante foi a criação de três outras associações americanas com base na pelagem: as Apaloosa, Palomino e Albino.

Toda esta conjuntura sinalizava positivamente para a fundação da ABCPampa já no final da década de 80. Todavia, a ideia foi adiada, devido aos graves problemas de saúde que acometeram Márcio de Andrade, o primeiro presidente da entidade. Em 1993, a ABCPampa tornou-se realidade e passou a funcionar em espaço cedido pela Associação Brasileira dos Criadores do Jumento Pêga. A essa acolhida, a ABCPampa reserva até hoje um enorme agradecimento. O endereço era r. São Paulo, 893, no 12º andar. Mais tarde a ABCPampa conseguiu um espaço no Parque de Exposições da Gameleira junto às associações de criadores de gado e, em 2002, teve sua área ampliada, permanecendo em outras instalações no interior da Gameleira viabilizadas pelo diretor de eventos do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Itamar Coelho, junto ao secretário Raul Belém, falecido em outubro de 2001.

Dificuldades iniciais

Dentre as dificuldades iniciais que antecederam a fundação da ABCPampa, vale a pena citar a necessidade de uma definição técnica elucidativa das variedades de pelagens pampas de ocorrência nas raças brasileiras. Além do mais, predominavam diversas terminologias regionais.

 A fixação da pelagem não seria problema, devido à dominância genética da pelagem pampa padrão. Quais seriam as bases genéticas a serem aceitas? Seria difícil acomodar preferências baseadas nos padrões raciais nitidamente heterogêneos em vigor para as raças nacionais. Neste aspecto, era sabido que seria essencial evitar as influências de raças exóticas, principalmente as do Quarto de Milha e Árabe, ambas portadoras de um tipo morfológico bastante diferente das raças nacionais. Outra dúvida foi quanto aos andamentos, aceitar somente a marcha em suas variedades ou o trote convencional também? Para acomodar estas situações, foram criados inicialmente dois padrões raciais, conhecidos como Pampa SL – de Serviço e Lazer , e Pampa SE – de Serviço e Esporte. O primeiro, com um ideal de marcha bem definido – a legítima “marcha de centro”, e o segundo, podendo aceitar a marcha trotada ou o trote convencional. O objetivo básico seria formar o cavalo pampa brasileiro de sela, com funções específicas no esporte e no lazer, aliando a beleza e a função para atender um mercado imensurável de usuários e se tornando uma raça e não um agrupamento de animais de mesma pelagem. Neste particular, buscou-se o conceito de raça em Zootecnia moderna. Raça é qualquer população com controle genealógico oficial interno, população esta que deve apresentar uma ou algumas características fenotípicas (morfológicas e/ou funcionais) em comum e herdáveis com razoável fixidez. 

Na Pampa a condição de controle genealógico é exercida pela ABCPampa. A condição de características funcionais em comum é trilhada pelas várias provas oficiais obrigatórias em todas as exposições. A característica ou características morfológicas em comum são buscadas pela referência do padrão oficial que norteia os criadores e são marcadas, entre outras coisas, pelas malhas ou manchas brancas de pelagem conjugada de todos. A razoável fixidez na herdabilidade da ou das características em comum é representada pelo nascimento de 75%, ou mais, de crias com a pelagem pampa. A ABCPAMPA foi criada com a finalidade principal de fomentar a criação do cavalo Pampa em todo o país, congregando criadores, proprietários e usuários, realizando e supervisionando o Serviço de Registro Genealógico, promovendo exposições e leilões, apoiando pesquisas, simpósios, congressos e seminários em torno do cavalo Pampa.

A Origem

No Brasil, não há registro de uma data precisa da primeira introdução de animais pampas, mas acredita-se que a pelagem foi introduzida através de alguns poucos cavalos de origem bérbere, trazidos pelos colonizadores portugueses e, principalmente, pelos cavalos holandeses, quando da invasão de Pernambuco. Com estas raças, também foi introduzido no Brasil um tipo de andamento naturalmente marchado, razão pela qual o Pampa brasileiro apresenta, além de suas belíssimas variedades de pelagens, outro relevante fator diferencial de mercado: a marcha. 

Esta característica funcional qualifica o cavalo Pampa nacional como um eqüino ideal para o lazer – passeios, turismo eqüestre, cavalgadas, enduros de regularidade. No mercado internacional, um Pampa marchador é uma “jóia” de inestimável valor, e raridade! A origem do nome pampa é a seguinte: Em meados do século XIX o brigadeiro Rafael Tobias Aguiar, vencido na revolta da província de Sorocaba, interior de São Paulo, fugiu com seu exército para o Rio Grande do Sul, onde aderiu à batalha dos Farrapos. A maioria dos soldados montavam cavalos pampas, inicialmente conhecidos no sul como tobianos. Quando do retorno à São Paulo, estes cavalos passaram a ser gradualmente conhecidos no resto do país como os cavalos dos “Pampas” (codinome do Estado do Rio Grande do Sul).

 Ao contrário dos objetivos da APHA – American Paint Horse Association, a ABCPampa – Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Pampa, não registra animais descendentes do Quarto de Milha, e, praticamente, de todas as raças exóticas, a fim de não descaracterizar o tipo morfológico do Pampa nacional. O cavalo pampa brasileiro está sendo formado com base em um padrão morfológico internacional tipo sela, preservando-se todas as modalidades de andamentos, que exprimem o real significado de um animal destinado a diversas funcionalidades.